Indústria solar enfrenta colapso iminente devido à entrada massiva de painéis chineses subsidiados, enquanto a UE busca equilibrar a competitividade industrial com metas ambiciosas de transição energética até 2030.
A indústria solar europeia enfrenta uma crise iminente, alertando para uma possível ameaça existencial que poderia resultar em um colapso nos próximos meses. Um grupo industrial está apelando à Comissão Europeia para a implementação urgente de medidas de emergência, incluindo o armazenamento de painéis solares para garantir a liquidez do setor.
A situação crítica é atribuída à entrada no mercado da União Europeia de painéis solares fabricados na China, cujos preços são artificialmente reduzidos devido a generosos auxílios estatais. A indústria alega que a China praticamente detém um monopólio nesse campo devido a décadas de subsídios. Johan Lindahl, secretário-geral do Conselho Europeu de Fabrico Solar (ESMC), destaca que a China considera a energia fotovoltaica (PV) uma tecnologia estratégica há mais de quinze anos, dando-lhe uma vantagem significativa.
Empresas europeias, como a suíça Meyer Burger, anteriormente um dos maiores fabricantes de energia solar na Alemanha, estão se deslocando para os Estados Unidos para aproveitar os estímulos, enquanto outras, como a Solarwatt, enfrentam demissões para cortar custos de produção.
A inovação torna-se crucial nesse cenário, visto que um módulo solar chinês é cerca de 50% mais barato do que seu equivalente europeu. A Solarge, uma fábrica na Holanda, busca se diferenciar produzindo painéis solares mais leves para instalação em telhados com menor capacidade de carga.
Atualmente, os painéis solares fabricados na Europa representam apenas 3% do mercado, mas a SolarPower Europe acredita que esse número pode aumentar para 40% até 2030. No entanto, a presença massiva dos painéis chineses não apenas ameaça as empresas, mas também compromete a autonomia industrial da União Europeia.
Diante desse cenário, a UE está prestes a aprovar a Lei da Indústria Net-Zero para impulsionar a produção interna de sistemas renováveis, como painéis solares, turbinas eólicas e baterias elétricas. Contudo, a falta de créditos e descontos fiscais, ao contrário das medidas americanas, levanta preocupações sobre a eficácia dessa iniciativa.
Um regulamento separado visa proibir a venda na UE de produtos fabricados com trabalho forçado, o que teria implicações significativas para produtos provenientes de partes da China. Esse impasse entre competir com painéis solares chineses de baixo custo e atingir as ambiciosas metas climáticas pode desafiar a capacidade da UE de garantir uma transição energética eficiente até 2030, quando 42,5% de toda a energia da UE deverá ser proveniente de fontes renováveis. A Comissária Europeia para os serviços financeiros, Mairead McGuinness, destaca a necessidade de equilibrar o crescimento da indústria solar com os objetivos da transição energética. O desafio reside em manter o mercado solar em crescimento na Europa, garantindo que as estratégias industriais não prejudiquem o desenvolvimento contínuo desse setor vital.
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