Prof. Dr. Mauricio Sperandio - Universidade Federal de Santa Maria
Situação do Sistema Elétrico no Rio Grande do Sul durante as enchentes de maio.
Após o acumulado de chuva em várias cidades do Rio Grande do Sul entre 22 de abril e 6 de maio de 2024 igualar toda a média de precipitação prevista para cinco meses, com picos de 700 mm, vários pontos do sistema elétrico do estado foram desligados.
Segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no dia 6 de maio, havia 30 linhas de transmissão fora de operação. Em especial a subestação Nova Santa Rita, que teve o pátio alagado pela segunda vez em seis meses, sendo que nesta ocorrência foi desligada preventivamente, interrompendo 16 importantes elos de 230 e 500 kV, além das subestações Candelária e Jacuí. Também foram desligadas cinco hidrelétricas (Dona Francisca, Jacuí, Castro Alves, 14 de Julho e Monte Claro), incluindo oito transformadores.
As usinas termelétricas tiveram um aumento do seu despacho para contribuir com a segurança de operação no RS, sendo que a UTE Pampa Sul, em Candiota, sofreu um desarme no dia 05, mas retornou à operação, como mostra a figura da geração de energia deste tipo de fonte na região Sul.
Apesar da grande fragilização das conexões de transmissão na região metropolitana e sistema Jacuí, o estado manteve-se operacional, devido à malha existente permitir o fluxo de energia vindo de diferentes regiões, como o norte, sul e oeste, menos atingidos. No entanto, esses sistemas remanescentes ficam sobrecarregados e mais suscetíveis a novas contingências. Contudo, a carga do subsistema Sul manteve-se abaixo dos 17 GW, mais de 20% menor que o pico de consumo em fevereiro deste ano, conforme mostra o monitoramento do ONS.
No RS, a redução de demanda se deve ao fato das temperaturas estarem amenas, vários serviços terem sido interrompidos, bem como os desligamentos nas regiões atingidas. Na parte de distribuição, 46 municípios atendidos pela RGE nos vales do Taquari, Rio Pardo, dos Sinos e na Serra Gaúcha tiveram fornecimento totalmente interrompido. Na área de concessão da CEEE Equatorial, 44 municípios foram mais impactados, com destaque para as regiões de São Jerônimo, Guaíba, Porto Alegre e Alvorada.
Uma sala de crise foi criada pela ANEEL, para coordenar as ações e eventuais autorizações e reconhecimento de custos que sejam necessários no âmbito da regulação setorial para os auxílios ao sistema elétrico do RS.
Ainda não há previsão do retorno operacional pleno dos empreendimentos comprometidos, e na medida que a demanda volte a aumentar, o risco do fornecimento de energia no estado ser restringido aumenta.
Prof. Dr. Mauricio Sperandio
Universidade Federal de Santa Maria
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